Segundo informações da pesquisa “Demografia Médica”, divulgada em 2015 pelo Conselho Federal de Medicina, a Clínica Médica é a especialidade que concentra o maior número de representantes. Isso quer dizer que, na prática, somos mais de 35 mil clínicos em todo o país. Porém, dentro deste universo, apenas 4.539 possuem efetivamente o título de especialista concedido pela Sociedade Brasileira de Clínica Médica.
Com o objetivo de fortalecer o relevante papel que o clínico desempenha no sistema de saúde no Brasil e reforçar a importância do título de especialista, a SBCM criou, em 2017, uma campanha de valorização do clínico que busca engajar todas as fatias da sociedade no reconhecimento deste especialista que atua na linha de frente pela saúde e qualidade de vida da população brasileira.
O clínico, enquanto médico do adulto, é idealmente capaz de fazer grande parte dos diagnósticos e solucionar boa porcentagem dos problemas de saúde dos pacientes, sem a necessidade de recorrer a outro especialista. Para que isso de fato ocorra, é necessária uma verdadeira revolução nas universidades. Revolução de pensamento e redirecionamento da formação do médico brasileiro, além da oferta de programas de Residência Médica e cursos de especialização cada vez mais qualificados. Tudo isso para que os clínicos sejam realmente profissionais bem preparados para o atendimento aos pacientes.
Isso sem falar que a presença do clínico bem formado no sistema de saúde tem um impacto positivo sob o ponto de vista econômico. Este profissional pede menos exames e permite que o paciente passe por um menor número de consultas posteriores.
Para garantir que esses médicos estejam realmente prontos para exercer a Clínica Médica, a SBCM avalia os candidatos através de um rigoroso concurso, que conta com prova escrita, prova prática e avaliação curricular. As provas são anualmente elaboradas por uma comissão composta de representantes de todas as regiões do país. Portanto, o Título de Especialista em Clínica Médica é o maior reconhecimento de que o profissional está capacitado e é competente para exercer a especialidade.
O fato de ser uma avaliação rigorosa, no entanto, não significa uma tentativa de elitizar ou dificultar a conquista do titulo de especialista. A intenção é qualificar cada vez mais a prova para que o médico aprovado esteja realmente capacitado.
Termino essas palavras com uma bela citação do mentor da Clínica Médica no Brasil, Prof. Dr. Antonio Carlos Lopes: “Medicina não é apenas estudar a ação de substâncias no organismo, verificar o funcionamento de órgãos ou realizar procedimentos cirúrgicos precisos. O médico deve aprender a construir o próprio conhecimento, amar a profissão e ter em mente que está se educando para tratar doentes, e não apenas as doenças que os acometem”.
Fernando Sabia Tallo, presidente da Abramurgem
*Editorial publicado na Revista da SBCM
